29.3.09

II

O Chico escreve e eu escrevo e ele sucessa melhor que eu porque pode e claro que sim ele tem mais espaço umas coisas que falam as críticas que eu li de bobeira na rapidez meio tarde com sono e cansado gostei ou não tanto depende das revistas tem umas a Veja veja só que horrenda que eu não me interesso eu leio confesso mas nada que mude a vida a atenção que recebo e dou nada mais é o que dizem e falaram do chico que merda mas deixa que falem e claro que nada é possível que preste e se acabe.

I

Desde que caí daquele sonho não me percebi mais viajando como deveria quando as asas se abriram por detrás da consciência itnierante que insiste em aproximar-se daqueles todos que insistem em afastar-se de todos os males que cada problema novo como novidade alcançada por elos abertos da vontade ao coração rabugento talvez torneado ou conformado segundo as sensações deixadas de lado na pesquisa aberta de novidades nunca alcançadas ou chamadas como tais na solidão das casas vazias que fazem fila uma pós outra num movimento sem fim aparente aos que sentem a mudança de cada segundo passado mais um que virá alertar para o jogo que vai se chegando ao fim de um sono aberto e deserto tal como a vida que passa e percebes que tens um amigo e só ele te exalta na baixa e na alta parada da vida que nada aparenta ter mais que uma espinha de peixe na boca agarrada aos dentes e tentas tirar o consolo que acaba e acaba por dar uma vida aberta sem pragas abertas na boca um peixe o espinho que há é o que a gente sente nem sempre se sabe donde vem a praga que exalta a vida e insiste no mote que espere sua sorte e nada que venha

30.9.08

Voltando e voltando.

Nada como ausentar-se por um tempo para pôr em dia, no devido dia, as novidades. Detesto o cotidiano, quando tratado com simplicidade. Atos e fatos passados sem qualquer significância, sem qualquer cortejo ou ritual que lhes dê a devida atenção. Vão se os dias e já é dezembro, e ainda há cara-de-pau suficiente para lamentar-se: oh, chegou tão cedo! Hipocrisia um tanto inocente, esta com que tratamos o irrelevante.
O modo como se trata o irrelevante expressa quem somos melhor do que nossas grandes atitudes. O irrelevante, o comum, o ordinário é aquilo que consideramos nosso oposto. Nada é pior tratado por nosso verdadeiro eu do que nosso oposto. O contrário. Aquilo que nos esforçamos para cortar relações. Levamos uma vida inteira esforçando-nos para provar a todos que esse irrelevante, esse contrário, esse repugnante são nos pertencem, não são resultado de nós, não temos ligação alguma com eles.
Perigoso pôr tudo no mesmo saco de gatos: o irrelevante, o contrário, o repugnante. Todos merecem nossa mesma inatitude. São diferentes em essência, claro. Mas o tratamento é semelhante.
Prestar atenção, eis o clichê. Banal, mas vende muito como auto-ajuda. A toalha jogada, a tampa levantada, o beijo que foi no rosto (e por quê?), as mãos não dadas, distância maior que um abraço, ligação no aniversário, coisas do cotidiano, do comum, do banal. E tão fundamentais.
O comum, o banal, não merece nossa atenção. Nem deveria. Mas o banal para uns é o fundamental para outros. E ainda assim atropelamos todos os atos, todos os fatos sob a mesma bandeira da irrelevância. Como moscas. E se pisarmos num inseto que representa o mundo para alguém?
O comum é o planejado. Tudo segundo o plano. Toda uma vida presa, uma vida definida. Sair dos trilhos é considerado exceção. Toda uma vida planejada, minuciosamente planejada. E, no fim, é o inesperado que lhe confere algum significado.

3.1.08

Um conto que eu ia mandar prum concurso.

Ninguém lê isso aqui, mas eu escrevo assim mesmo. O texto abaixo é um conto que eu ia mandar prum concurso da UFF, mas não mandei. O tema era "Aconteceu na UFF". Fiz uma historinha bem bobinha. Enfim... O nome é "Do Planejado ao Planejar".
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Aconteci na UFF. Foi ocasião de tamanha discrição que até pensei, por um momento fugaz, tratar-se de evento corriqueiro. Não era, logo ficou claro. Aconteci como eventos de grande magnitude acontecem. Um pequeno abalo, um incômodo que logo se transforma em dura convicção, um pensamento que se transmuta em ação, um grilo que se metamorfoseia grifo escandalizado, grito sufocado que irrompe num segundo de distração, quando a pretoriana guarda de meus preconceitos se distrai.
Aconteci num momento banal de aula nada-banal. Olhando pela janela a grama descuidada, os movimentos de pipa a riscarem o céu ao fundo. Olhando pela outra janela a baía que se pretende cristalina, em cuja superfície deitam os raios do sol da manhã. Olhando à frente, professor de giz na mão, arranhando o verde quadro em traçados empolgados. Olhando ao fundo os colegas distraídos, alguns em cochilo, todos atordoados.
Aconteci em multidão, em conjunto. Acontecemos. E havia pouco estávamos ali, naquela mesma sala, planejando o futuro numa terça-feira travestida de sexta, que enganava nossos sentidos e nos convidava à seresta. Acontecemos num evento que mudaria nossas vidas e outras vidas.
O palco, uma sala de aula. Atores improvisados improvisando um novo ato. Bandeiras, tintas, palavras reunidas de modo a dar sentido àquela transformação, àquele acontecimento. Lutas. Mais bandeiras. Caminhadas. Gritos, canções. Luta desarmada, mas com corações comprometidos. Ações que têm sentido não apenas para os que lutam, mas para os que enxergam. Para os que são tocados, levados ao movimento da história, à roda, à novidade.
Ao acontecimento.
Aconteci e “acontecei” outros. Vários acontecemos. O que começou devagar, como um sussurro que se desprende timidamente das garras da opressão individual, é materializada em libertação coletiva. O sussurro que chama à vida, à transformação da vida e das coisas da vida.
Coisas? Que coisas? Não sei, sei da mudança. Sei que algo há de melhor além dos muros. Nas aulas de história refletia-nos o vazio. Surgi. Surgiu um ambiente. Surgiu uma idéia. Gragoatá ficou pequeno, os gramados tão pequenos, a biblioteca pequena. No campus não cabíamos. Eis o sussurro, ainda o mesmo, não mais o mesmo, berrando aos quatro cantos do lá fora, do detrás dos portões, fora das grades do estacionamento, depois da sala de aula, além das aulas presenciais. Quatro cantos desse vasto mundo.
Mundo mundo, vasto mundo. Não é uma rima, é uma solução. Avante com a idéia. A bandeira tremulando nas mãos. Ao amanhã. A ele a gente não diz, a gente exige. De nós e da vida, a vitória! Avançar...
De volta ao lar, doce lar. Hoje professor. As aulas? De história. Hoje num futuro não tão distante, imagino. O sussurro? Vai bem, obrigado. Foi-se ao mundo. Deixou um recado: não me esqueça. Mas me espalhe. Mas me anuncie. Não me cale. Não deixe de acontecer. E o que daí surgir, comente. Mande uma carta. Mas não avise. Deixe acontecer, deixe despertar.
Aconteceu na UFF. Foi ocasião de tamanha discrição que até pensaram, por um momento fugaz, tratar-se de evento...

29.12.07

Ser humano.

Foi em 2003, entre o natal e o ano-novo. Semana morna, quando tudo se move com uma lentidão pouco usual. Quase não venta. O banho gelado é quente. A praia é ótima.
Uns dias de paz na serenidade do fim de ano. Muitos dias de trabalho rendendo alguns momentos de completa tranquilidade. Poucas preocupações. Ideal seria extingui-las por completo. E o sujeito consegue descansar totalmente a cabeça?
A tarde que cai em tons avermelhados lembra uma pintura de Kaitou Yandai que vi há bastante tempo. Nem lembro se o nome do pintor era mesmo esse. O traço que o avião deixou quando passou casa perfeitamente com a falange de pássarios que voa ordeiramente à procura da liberdade. As nuvens são contornor amorfos, mas se prestar atenção as figuras se forçam em desenhos bastante precisos. Tanta precisão é um sinal da existência do Criador, sem sombra de questionamento.
As manhãs são inexistentes na semana entre o natal e o ano novo. Os estudantes, na verdade, praticamente se afastam da manhã. O horário de verão engana. Manhã começa às 05:00h e termina quando o agradável aroma de uma refeição leve, porém saborosa, deixa a cozinha e se insinua pelos espaços da imaginação do garoto que se diverte na piscina. O churrasco fica pronto na varanda. Já passa das 12:00h.
Não acordo cedo porque durmo tarde, ora bolas. Há quem diga que só vale o aproveitar a vida pela manhã. Quem o diz desconhece o sereno, os cheiros e as formas da madrugada. Noites quentes no verão, alguns insetos que perdem as asas em torno na lâmpada que emite um amarelo tão quente quanto a noite que embala as emoções. Quem precisa da manhã?
A praia é tão maravilhosa quanto os arcos sinuosos que as petecas descrevem de um idoso para o outro. Há uma rede no caminho que é ignorada. Habilidade natural mistura-se à experiência. O neto dá os primeiros toques, mas corre para o mar. Ou para o futebol, que certamente é melhor jogado no fim da tarde, sob aquela aquerela vermelho-vivo de Kadou Amarai. Ou algo que o valha.

20.12.07

Artes Marciais

O homem, ao contrário do que crêem alguns individualistas, não existe como uma forma solitária de vida. O homem existe em sociedade. É por meio das suas práticas diárias que o homem marca sua presença no mundo e marca sua presença frente aos outros seres humanos. É por meio de sua vivência que o homem se aproxima ou se afasta dessa Unidade de que fazemos parte.
Creio de coração que as artes marciais são uma forma de aproximar o homem tanto dos outros seres humanos quanto dessa Unidade amorfa, seja ela chamada de "Natureza", de "Cosmos" ou "Deus".
Mas o que significa essa definição, "artes marciais"? O que ela nos traz de importante para nossa vivência diária? O que suas filosofias têm a nos ensinar?
As filosofias das artes marciais são, em geral, bastante complexas, porém acessíveis a todos dispostos ao treinamento. E nisso reside, ao meu ver, toda sua simplicidade e beleza. As filosofias das artes marciais (falo "filosofias", no plural, pois é impossível enquadrar numa unidade estilos tão diferentes entre si, mesmo que haja alguns aspectos em comum) não estão restritas a uns poucos iniciados, nem estão segregadas numa torre de marfim que limita o acesso a poucos "escolhidos". Não, não. A única exigência que as artes marciais impõem a todos aqueles que desejam desvendar seus segredos é o esforço. O acesso à beleza, às filosofias, aos modos de viver das artes marciais está ligado ao esforço de cada um, à luta, à vontade pessoal de seguir por esse caminho, muitas vezes árduo, mas cujo esforço ao final é extremamente compensador.
É por isso que o termo "artes" vem acompanhado do termo "marcial". A arte, a beleza, a maravilha desse mundo não pode deixar de lado seu caráter "arriscado", seu caráter árduo, seu caráter marcial. As lutas, as batalhas cotidianas, o momento do embate junto ao adversário (porém não inimigo) são, ao mesmo tempo, uma forma de superação humana, superação dos próprios limites e uma forma de desenvolver o respeito. A derrota tem a nos ensinar tanto quanto a vitória; é preciso saber ganhar tanto quanto saber perder.
Nisso reside a beleza das artes marciais. Esse é um exemplo do que elas têm a nos oferecer.
O taekwondo, como não poderia deixar de ser, também tem muito a nos ensinar no dia-a-dia. Todo praticante da arte marcial coreana já teve contato com seus princípios básicos:
1) Cortesia
2) Integridade
3) Perseverança
4) Auto-controle
5) Espírito indomável.
Tais princípios resumem a filosofia do taekwondo.
Cortesia no dia-a-dia, no trato com os colegas, no trato com os desconhecidos, no trato com os mais velhos e com os mais novos. É a cortesia que possibilita o respeito, que traz a tolerância e desenvolve a paz interior e a paz junto aos demais seres humanos. A cortesia é o elo que une as comunidades em torno da convivência pacífica e possibilita o exercício da felicidade.
A cortesia, porém, deve ser acompanhada da Integridade. É preciso manter-se íntegro, manter-se fiel aos próprios princípios. É preciso não desviar-se do caminho da honestidade e da bondade. Manter íntegro significa não-dividir, manter íntegro significa manter uno o espírito e os princípios que o regem. A humanidade que todos devemos conservar no coração depende de mantermos íntegro nosso espírito e nosso corpo, evitando lesões que os prejudiquem, evitando desvios que maculem nossa conduta.
Se a cortesia no trato deve ser acompanhada da integridade no corpo/espírito, a manutenção do estado de perfeição depende de uma contínua Perseverança. É preciso ser perseverante para conquistar seus objetivos, é preciso não desistir jamais de tentar mudar. E, mais importante, é preciso não desistir de conservar. Deve-se manter os princípios que possibilitam nossa integridade, deve-se lutar para mudar os defeitos que nos corrompem. Perseverança no dia-a-dia, nos treinos, nas atitudes. Desistir, nunca! A luta é constante, diária, eterna. Nada é pior do que a naturalização dos maus hábitos. Deve-se manter um eterno esforço pela mudança do que é ruim e pela manutenção do que é bom.
Porém, o ser humano que desconhece a si próprio não é capaz de direcionar corretamente o esforço e a conduta na direção do bem. O Auto-controle diz respeito ao quanto nos conhecemos. Conhecer os próprios limites é importantíssimo. Controlar as próprias emoções, controlar a ânsia que busca a guerra, controlar a vontade de desistir que nos acomete de quando em quando, controlar a raiva que em segundos destrói o que apenas anos de esforço conseguem construir.
Por fim, sem o Espírito Indomável, sem essa chama que vem não sabemos de onde e que toma nossos corações e nossas mentes, nosso espírito e nosso corpo, nossa vida e nossos sentimentos, enfim, sem essa força misteriosa que impulsiona nossa vida, sem esse Espírito Indomável, não existiríamos enquanto humanos. Ser humano é ser recipiente desse Espírito, é saber que há forças no nosso interior que muitas vezes desconhecemos, e que não podem ser controladas por ninguém. Essa força é que nos impulsiona, é essa força que faz com que nos entreguemos com amor àquilo de que gostamos, àquilo que significa "felicidade".
Os princípios do taekwondo são princípios da vida. São princípios do ser humano. São princípios que nos tornam pessoas melhores, valorizam nossas forças, consolidam as relações sociais que nos tornam humanos. O taekwondo tem muito a nos ensinar, e devemos estar preparados para aprender.
Seguem abaixo as graduações do takwondo, acompanhadas pelas definições de cada faixa.
Graduação:
Branca (10º e 9º Gub): Pureza. Como o iniciante sem prévio conhecimento de taekwondo. O papel onde será traçado seu caminho.
Amarela (8º e 7º Gub): Terra. Brilha a riqueza da terra, onde a planta fixa sua raiz. A base do taekwondo se está firmando.
Verde (6º e 5º Gub): Planta. A técnica começa a se desenvolver no aluno de taekwondo. A planta começa a brotar. Inicia-se o percurso rumo aos céus. A altura dependerá da firmeza das raízes.
Azul (4º e 3º Gub): Céu. Para onde a planta se dirige, seu objetivo, o símbolo de suas incontáveis possibilidades. Amadurecimento da técnica do aluno. O horizonte torna-se cada vez mais amplo: é a liberdade.
Vermelha (2º e 1º Gub): Sol. Alerta ao aluno sobre a necessidade de autocontrole, bem como ao seu oponente para manter-se afastado. O crescimento rumo aos céus traz o perigo de queimar-se ao sol. O horizonte à vista traz consigo a consciência do longo caminho que resta a percorrer. A liberdade traz consigo responsabilidade; para si e perante a academia. Assim como o sol, o aluno torna-se um símbolo para seus colegas, um eixo a ser seguido, uma referência pela qual se guiarão. Novamente, aqui, o alerta.
Preta (1º dan): Universo. Maturidade e conhecimento. Atravessado o limite do horizonte e prevenido dos perigos do sol, o aluno cresce rumo a um novo destino. Desprega-se das raízes, embora nunca as esqueça. Leva consigo as sementes para plantar em outras paragens. Assim como o universo, as possibilidades de crescimento são infinitas. Porém, sem a necessária experiência e a correta consciência do caminho, o aluno pode se perder na vastidão do universo. Trata-se de um novo começo.

4.12.07

O importante é o sete.

"A crise pela qual passa o Brasil na década de 90 traz consigo várias conseqüências para o Estado e para a sociedade. Esta crise, que acomete o mundo inteiro, encontra-se ligada à crítica generalizada que se passa a fazer ao modelo de Estado capitalista do pós-guerra, o Welfare State, pela corrente comumente conhecida como neoliberalismo. Tal corrente, renovação do liberalismo clássico a partir das proposições da Escola Austríaca e das sistematizações da Escola de Chicago, ataca diretamente o Estado de Bem Estar Social e suas políticas intervencionistas e assistencialistas. Partindo da premissa que o Estado é um mau gestor e que os impostos são, na verdade, desvios que seriam melhor empregados sem passar pela má gestão estatal, os neoliberais pregam uma diminuição dos gastos do Estado e um encolhimento de suas atribuições administrativas. O novo modelo de Estado proposto passa, então, a ser um ente garantidor do cumprimento dos contratos entre indivíduos e associações de indivíduos, retirando-se, definitivamente ou em grande parte, dos investimentos públicos.
Assim, segundo a lógica neoliberal, a geração de riquezas depende dos investimentos privados assegurados pela posse plena da propriedade, pela pouca taxação estatal e pela segurança dos contratos. Tal teoria encontrou eco nos governos de Margareth Thatcher e Ronald Reagan, visando à completa vitória sobre o já cambaleante mundo socialista.
No Brasil, as crises herdadas do período autoritário trouxeram desesperança à população. Em cenários como esses as antigas lideranças políticas encontram-se desacreditadas e abre-se espaço para aventureiros ascenderem rapidamente. Foi o caso de Fernando Collor, que se tornou o primeiro presidente eleito pelo sufrágio direto desde o golpe. As conseqüências das reformas inspiradas no neoliberalismo a partir de Collor, com maior profundidade no governo FHC, são várias. Essas conseqüências agravam-se ainda mais pela crise mundial que tomou a década de 90, gerando problemas para o país que ainda estão longe de encontrar solução. Vejamos a seguir algumas dessas conseqüências."